24.5.19

Os 40 anos de Astérix

"Estamos no ano 50 antes de Jesus Cristo. Toda a Gália está ocupada pelos romanos... Toda? Não! Uma aldeia habitada por irredutíveis gauleses resiste ainda e sempre ao invasor...". Todos conhecem esta frase que abre os álbuns de Astérix, mas, para saber como tudo começou, temos de recuar no tempo. Ir até 1926, digo a 33 a.A. (antes de Astérix, por Toutatis!), ao dia 14 de Agosto, quando nascia, na antiga Gália, René Goscinny, filho de pai polaco. No ano seguinte, a 25 de Abril, no mesmo país e igualmente filho de imigrantes, agora italianos, nascia Albert Uderzo.

Por vontade de Belenos, o seu percurso cruzou-se em 8 a.A., deixando Goscinny os desenhos para se revelar um prolífero e versátil argumentista, assinando séries como "Lucky Luke" (para Morris), "Spaghetti" (Attanasio) e "Jehan Pistolet", "Humpá-pá" e "Astérix", para Uderzo. Quatro anos mais tarde, em conjunto com Jean-Michel Charlier (argumentista de "Blueberry", "Barba Ruiva" e um muito largo etc.) formam uma agência com o objectivo de conseguir melhores condições de publicação para as suas obras. Banidos pelas principais editoras, decidiram-se pela auto-edição que, após diversos ensaios, corria o "ano zero" da era Astérix, surgiria com a forma de revista, sob o nome "Pilote", que se tornaria o berço da moderna BD europeia, revelando ou confirmando talentos como os já citados e, entre outros, Hubinon, Christin, Meziéres, Gotlib, Brétécher, Greg, Lob, Mandrika, Fred, Druillet, Tardi, Bilal, Comés e Cabanes.

Mas como a história da "Pilote" - desaparecida em 1989 e que chegou a ser conhecida como "Le journal d'Astérix et Obélix" - só por si justificava um outro artigo, regressemos à grande aventura de Astérix, o gaulês, que continua de boa saúde, pelo menos financeiramente, dado o decréscimo de qualidade que os novos títulos têm apresentado.

À frente de Tintin e Mickey

O herói preferido dos gauleses actuais, à frente de Tintin e Mickey, segundo sondagem recente, foi gerado por acaso, a três meses do nº 0 da "Pilote", quando os seus pais, a adaptar aos quadradinhos o "Roman de Renart" para a revista, descobriram que alguém já o fizera antes. Tornou-se premente a busca de uma alternativa, que foi inspirada pela plêiade de deuses gauleses e aproveitou uma distracção do todo poderoso Júpiter, deus dos romanos que, por isso, ao longo de 40 anos a apanhar pancada, muita vontade devem ter tido de o ver no circo, lançado aos leões. O resultado foi um herói com quem os gauleses se identificavam, mais inteligente que forte, e com um conjunto de amigos com defeitos bem humanos, aproveitados para conseguir irresistíveis momentos de boa disposição, que se revelaria um sucesso quase sem paralelo: no ano 2 d.A. (depois de Astérix), a tiragem inicial do álbum com a primeira aventura, "Astérix o gaulês", tirava 6.000 exemplares, que, n'"A foice de oiro", no ano seguinte, já eram 100.000, ultrapassavam o milhão, em 7 d.A., com "Astérix e os Normandos", atingindo a gorda (gorda, não, forte!) cifra de 2,7 milhões, no mais recente "O pesadelo de Obélix".

Se o êxito no mercado gaulês se deve à já citada capacidade de identificação com o herói e à chauvinista revisão da verdade história, a invasão (pacífica) dos outros países _ hoje cada novo título é traduzido em 77 línguas e dialectos _ explica-se pela capacidade de agradar aos mais novos, pelas aventuras em si e pelo humor directo e simples de Goscinny, e a adultos, pela caricatura de personagens reais, pela crítica de costumes e pelo humor subtil e inteligente de Goscinny.

O êxito crescente da banda desenhada, que conta 25 títulos, levou a um sem número de adaptações em cinema de animação, teatro e, mais recentemente, ao grande écran com "Astérix e Obélix contra César", de Claude Zizi, com um elenco de luxo, encabeçado por Christian Clavier (como Astérix), Gerard Depardieu (Obélix), Roberto Benigni (César) e a bela Laetitia (Falbala). E apesar dos atropelos feitos ao espírito da série, os números alcançados pela mais cara película gaulesa são impressionantes: 450 mil espectadores só no primeiro dia e mais de nove milhões até hoje, na Gália (e milhão e meio de cópias para o próximo lançamento em vídeo), 3.300 mil espectadores na Germânia, 800 mil espectadores na Lusitânia. Números que justificam que já esteja em preparação novo filme, com Clavier e Depardieu, dirigido por Alain Chabat.

O Parque Astérix (próximo de Lutécia, a que alguns chamam Paris), que recria a aldeia gaulesa e as principais aventuras dos heróis, em dez anos recebeu dois milhões de visitantes, que deixaram nos seus cofres um milhão de contos e permitiram a sua entrada na bolsa francesa, em 37 d.A..

Às comemorações do 40º aniversário de Astérix associa-se a Meribérica/Líber, que anuncia a oferta de brindes na compra dos álbuns, que serão integralmente reeditados a partir de Janeiro, o lançamento de mais um livro de receitas "As viagens gulosas de Astérix", e outras iniciativas que para já só podem ser transmitidas de "ouvido de druida para ouvido de druida", mas que deverão incluir um novo álbum durante 2000.

Tudo factores a fazer aumentar o volume do negócio, gerido pelas edições Albert René - criadas por Uderzo no ano 20 d.A., dois anos após a morte de Goscinny - que facturaram, há seis anos, quase 10 milhões de contos, o que se não pode evitar que o céu caia em cima da cabeça dos gauleses, ajudará muito, quando tal acontecer. Com a certeza que amanhã não será a véspera desse dia.

Pedro Cleto, JN, 1999

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Os 60 anos de Astérix

(imagens e informação disponibilizadas pela editora; consultar no blog de Pedro Cleto)

15.5.19

8.5.19

Viternum

O "Viternum" é um estimulante do apetite que ainda está no mercado.

Na década de 70 oferecia um pequeno boneco de borracha, com 14 cm, do Astérix.






Figura em borracha com apito squeezy. Brinde publicitário do xarope Viternum, anos 70/80.

Esta figura tem a particularidade de ter a inscrição do nome do xarope no cinturão.

(informação contida no catálogo da exposição "Brinquedos de BD" - 2004)

Há um outro boneco que pode ser da mesma promoção.


2.5.19

Bartoon

Que o popularíssimo herói de BD Astérix passou das mãos de Uderzo, exímias a desenhar criativamente, para as de Didier Conrad (e se Goscinny ainda fosse vivo, passaria agora a sua genialidade ficcional e humorística para Jean-Yves Ferri, argumentista sucessor), é um facto sobejamente conhecido pelo público afecto à BD, que também já decorou o título do novo episódio, "Astérix entre os Pictos".

O que especialmente causou surpresa, pelo improvável da situação, foi que houvesse um cartunista/banda-desenhista português, Luís Afonso, que na sua tira diária, "Bartoon", se intrometesse na autoria do herói gaulês e o incluísse num curtíssimo episódio, quatro vinhetas apenas, divulgado no jornal Público (hoje mesmo, 21 de Outubro de 2013, data a registar pelo inusitado da iniciativa editorial).

A mensagem implícita na sequência tem, como acontece quase sempre, uma intenção crítica sócio-política. A novidade é de, pela primeira vez (tanto quanto me recordo) o "barman" ter como interlocutor um herói famoso da banda desenhada.

Luís Afonso é um atento crítico-cronista que trata por imagens o dia-a-dia da sociedade portuguesa - e não só -, e as suas farpas resumem, em curtas tiras sequenciais, o conteúdo de longos artigos.

Quanto a Astérix, que está agora entre os Pictos na edição oficial, veio participar no imperdível "Bartoon" e assim estar "entre os tugas" mais uma vez, noutra das suas surtidas confidenciais a Portugal, algumas das quais mostrarei em futuras postagens...   (1)

Publicada por Geraldes Lino em 22/10/2013 à(s) 23:34

http://divulgandobd.blogspot.com/2013/10/asterix-entre-os-tugas-i.html

https://www.publico.pt/bartoon/21-10-2013

(1) Não houve mais nenhum postagem e não sabemos quais é que estavam previstas. Agradecemos quaisquer sugestões.

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